sábado, 20 de junho de 2009

Olimpíadas Rio-2016. Para alegria de quem?



Se a resposta for: do povo do Rio de Janeiro e do Brasil, aplaudamos. Porém, se for somente: dos políticos, membros de comitês, aspones e empresários, repudiemos.
Qual o motivo da indagação?
Voltemos ao início do ano de 2007. Enquanto na China, que se preparava para sua Olimpíada 2008, praticamente todas as obras do complexo esportivo já se encontravam prontas ou em fase final de execução, aqui no Brasil, prestes a realizar o Pan-Americano, quase tudo estava por terminar, ou iniciar. Outra disparidade notada entre os dois exemplos foi o fato de enquanto na China seu comitê olímpico havia liberado US$ 2 bilhões para a realização dos Jogos e eles consumiram apenas US$1,6 bilhão, destinando o saldo de US$400 milhões para manutenção das obras realizadas, até 2008, aqui no Brasil o custo estimado do Pan foi de US$ 400 milhões, e somente o Engenhão, estádio de futebol com estrutura olímpica, hoje administrado pelo Botafogo de Futebol e Regatas, projetado e orçado para custar cerca de R$ 160 milhões, ultrapassou ao final de sua construção R$ 360 milhões.
E daí? Podem perguntar os incautos. Bem, e daí que apesar da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ter ao final dos jogos afirmado que iria investigar profundamente os gastos com o Pan, nada de prático aconteceu e, surpreendentemente, pelo alarde inicial, tudo foi devidamente engavetado.
Parecia que o caminho estaria livre para que tudo se repetisse na Rio-2016 (caso a cidade vença a disputa pela indicação para sede dos jogos), até que o Tribunal de Contas da União (TCU) no final da semana passada apresentou um relatório apontando irregularidades na contratação de serviços de hotelaria, durante o Pan, com um superfaturamento de quase dois milhões de reais.
A curiosidade, fica por conta do Ministério do Esporte ter se prontificado a rebater as acusações, dizendo que no ano passado o mesmo órgão aprovou as contas do empreendimento. Ora, o Ministério deveria ser o primeiro a dar o exemplo e admitir que sob o princípio da transparência na gestão dos recursos públicos, nunca é demais zelar pela correta utilização dos mesmos. No entanto, está esperneando. Talvez porque o TCU esteja solicitando aos responsáveis pelo superfaturamento, membros da secretaria executiva do comitê organizador do Pan no Ministério do Esporte e do Consórcio Interamericano liderado pela empresa JZ Engenharia, o ressarcimento do valor corrigido, equivalente a quase três milhões de reais. O secretário executivo do Comitê de Gestão das Ações Governamentais nos Jogos Pan-Americanos de 2007, um dos citados no processo, coincidentemente (ou não) ocupa cargo similar na candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016.
Ou seja, aparentemente os organizadores estão considerando o Pan 2007 como um caso de sucesso, repetindo a mesma estrutura de comitê organizador para a candidatura olímpica.
Mas, sucesso de quem?
Basta dar uma olhada nos jornais do segundo semestre de 2006, ano que antecedeu o Pan, e no primeiro semestre de 2007, para relembrar o caos em que as coisas se encontravam. Alguém se lembra no que deu a convocação dos jovens em comunidades carentes para auxiliar nos jogos? E da soldagem dos arcos de estrutura metálica do Engenhão a toque de caixa? E as obras da vila hípica em Deodoro?
Enfim, um grande atropelo nos últimos meses que antecederam os jogos, o que sem sombra de dúvidas favoreceu muitos aditivos de contrato de prestação de serviços, fazendo com que os custos das obras extrapolassem em muito os orçamentos iniciais.
Será que o Ministério do Esporte imagina mesmo que somos todos tão tolos que não conseguimos enxergar um palmo diante de nosso nariz?
Não venham, portanto, avocar sucesso para algo que passou longe disso no que concerne a eficiência e eficácia na realização das obras, bem como na transparência na prestação de contas à sociedade.
Sucesso mesmo ficou restrito ao mercado imobiliário que se beneficiou da venda, antes dos Jogos, do condomínio de luxo da Vila do Pan, constituído de 17 prédios. Mesmo nesse exemplo, temos que destacar que as obras de urbanização ficaram paradas por vários meses, a espera entre o entendimento da Prefeitura e a construtora sobre a responsabilidade das obras, o que só logrou êxito após o Governo Federal intervir com ajuda financeira.
Voltando a candidatura Rio-2016, nesta semana Governador e Prefeito do RJ e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro estiveram em Lausanne, na sede do Comitê Olímpico Internacional (COI), na Suíça, apresentando a candidatura do Rio à sede dos Jogos. Os representantes das cidades de Chicago, Madri e Tóquio, nossos concorrentes, também lá estiveram para suas apresentações.
Em que pesem os bons argumentos de nossa candidatura, ou seja, a possibilidade de transformar o Brasil, a união dos três níveis de governo, além da oferta de um novo continente – a América do Sul – ao Movimento Olímpico, penso que sejamos a zebra da disputa. Fundamento minha opinião, primeiramente, pela observação da realização da Copa do Mundo de Futebol 2014, no Brasil, o que tornará muito difícil uma cidade brasileira abrigar outro evento internacional dois anos após. Depois, cumpre destacar que, ao contrário da FIFA, que realmente vem dando exemplo com a realização da Copa 2010 na África do Sul de que o esporte deve promover integração dos povos e desenvolvimento para o país sede, o COI costuma ser o oposto, apostando tradicionalmente na realização dos Jogos em países já desenvolvidos, economicamente falando. Assim, excluída Chicago da disputa pelo não apoio do Governo americano, face a crise instalada no país, sobrariam na disputa as cidades de Madri e Tóquio. Penso que dentre as duas, Madri seja a que tenha mais possibilidades de ser vitoriosa por vários motivos. Um, em especial, é que a cidade se preparou e aguarda ansiosamente há vários anos para mostrar ao mundo que também pode realizar o que Barcelona já realizou em 1992, uma grande Olimpíada.
Tomara que minha previsão em relação à candidatura do Rio não se concretize, e vençamos a disputa, apesar dos fatos que mencionei. Embora viva há mais de 20 anos na Região do Sul Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, nasci na Cidade Maravilhosa, apesar de tudo, uma das mais belas do mundo. Em outubro saberemos qual será a sede dos Jogos 2016.
No entanto, que tudo seja feito às claras. Nada de falcatruas, de raposas tomando conta do galinheiro! Nada de atraso nas obras, nem de contratação de obras e serviços de forma irregular.
Como já diz o ditado consagrado, QUEM NÃO DEVE, NÃO TEME!
Se não há o que temer, o Ministro do Esporte poderia dar uma bela contribuição de transparência e cidadania, instaurando, por exemplo, um Fórum de acompanhamento das decisões e ações emanadas pelo suposto comitê organizador dos Jogos, com representantes da sociedade civil indicados pelos critérios competência e envolvimento com a questão (em todos os níveis), selecionados por votação da população de todo país, é claro. Não existe a menor dificuldade para tanto. Basta querer, ter vontade política de fazer. Campanhas bem feitas como as do BBB estão aí para provar que o brasileiro gosta de participar das decisões.
E, convenhamos, não estamos falando da premiação de um milhão de reais para o vencedor. Estamos falando de bilhões de reais em investimentos para a cidade do Rio de Janeiro.
UM LEGADO PARA AS GERAÇÕES FUTURAS!

Uma palavra de fé

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16