segunda-feira, 30 de março de 2009

A SELEÇÃO PERDEU O ENCANTO...



A Seleção Brasileira de Futebol jogou (?) ontem contra a Seleção do Equador pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. Nem parece. Outrora mobilizadora da atenção de milhões de brasileiros, a Seleção parece ter perdido o encanto. Eu mesmo, não consegui assistir a todo o jogo.
Mas, o que nos levou ao estado de indiferença com a Seleção Brasileira de Futebol, verdadeiro patrimônio nacional? Considerando que indiferença é efeito, quais seriam as verdadeiras causas?
Em um universo de personagens e protagonistas de difícil dimensionamento, tamanha quantidade, três se destacaram e tem muito a ver com o estado de penúria do futebol do país e, por extensão, dos grandes clubes brasileiros, a maioria endividados e sem luz ao final do túnel. Refiro-me aos senhores João Havelange, Edson Arantes do Nascimento (Pelé) e Ricardo Teixeira. O primeiro assistiu, como presidente da FIFA, durante vinte e quatro anos o Brasil não vencer uma Copa do Mundo sequer, o que aliás convinha para sua manutenção no cargo, daí não saber se o trato como pé-frio, ou sortudo. Ah, teve ainda o pecado de eleger seu então genro, Ricardo Teixeira, presidente na CBF, onde o mesmo permanece até hoje, apesar da tentativa frustrada da “CPI do Futebol”. Ricardo é, sem a menor dúvida, um dos responsáveis pela perda do encantamento que a Seleção produzia no povo. Ao marcar amistosos para a Seleção com outras seleções inexpressivas; ao não adequar o calendário do nosso futebol à nossa realidade, permitindo, assim, que os clubes de todo o mundo em pré-temporada, sobretudo os europeus, venham aqui com nosso Campeonato Brasileiro já iniciado e tirem de nós os nossos melhores jogadores; ao insistir em manter no cargo um treinador tosco como o Dunga; contribui para ruína de nossa imagem. Por último, deixei o Edson Arantes do Nascimento. Refiro-me ao Edson, empresário da globalização do futebol, que assim como a da economia foi ótima para os ricos e péssima para os pobres. Não me refiro ao jogador de futebol Pelé, capaz de jogadas tão fantásticas que nem a genialidade de Maradona ousou copiar. Aquele mesmo que Romário um dia disse que era “um poeta com a boca fechada”. Como gostaria de estar falando agora bem dele. No entanto, desde a implantação da lei que levou seu apelido, os nossos grandes clubes nunca mais foram os mesmos. Extirpando a “Lei do Passe”, que mantinha vinculado o jogador ao clube com que tinha contrato e forçava a negociação entre clubes, e pagamento pelo clube comprador de valor ao clube cedente a título de compra do passe do atleta, a nova lei abriu espaços para fortalecimento inimaginável anteriormente à figura de parasitas do esporte, os “empresários de jogador”. Perderam os clubes brasileiros, e perderam muito, mas ganharam, muito também, demasiadamente, os empresários e jogadores. A nova “profissão”, empresário de jogador, tão necessária aos propósitos escusos dos times europeus, foi logo apadrinhada pela federação internacional que se apressou em criar a categoria “Agente FIFA”, com carteirinha e tudo. A partir daí os clubes europeus, principalmente, deitam e rolam levando de nós qualquer jogador que desponte e revele algum talento. Compram as rescisões dos contratos por ninharias em comparação a fortuna que fazem após com transações no mercado interno com nossos jogadores. Sem falar no patrocínio que arrecadam de empresas multinacionais que poderiam anunciar aqui, por exibirem os melhores campeonatos de clubes do mundo, recheados, dentre outros, de jogadores brasileiros.
Enquanto isso, por aqui no Brasil, os clubes estão minguando e os campeonatos cada vez mais contam cada vez menos com jogadores de talento. Os melhores jogadores de nossos times, em geral, ou estão abaixo dos 20 anos ou acima dos 30, ou seja, fora do mercado europeu. O que é bom, dos 20 aos 30, dificilmente estará por aqui vestindo a camisa de um time brasileiro. Não é por acaso que a torcida brasileira não acompanha mais com a ansiedade de outrora a convocação dos jogadores da seleção. Pouquíssimos jogam por aqui, defendem a camisa de clubes daqui. Não é por acaso que nos últimos anos diversos grandes clubes como Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Portuguesa, Atlético Mineiro, Corinthians e neste ano o Vasco da Gama, amargaram ou amargam passagens pela segunda divisão do futebol brasileiro. Infelizmente, não vai parar por aí. Ao final do ano veremos mais quatro clubes rebaixados e, provavelmente, outro grande clube brasileiro deverá estar indo para a segunda divisão. Triste sina.
Assim, se vislumbra que os três senhores citados acima têm influência direta nisso tudo que está acontecendo com nosso futebol.
Nesse contexto, o que esperar da Seleção Brasileira de Futebol, senão um grupo de jogadores, com honrosas exceções, deslumbrados e não preparados para a fama, que se reúnem de tempos em tempos, não para honrarem as tradições da camisa gloriosa que vestem, mas sim para se reverem, baterem uma bolinha (cada vez mais “inha”), cantar e tocar um pagodinho. Uma farra de um grupo de pessoas abençoadas que preferem o “ter” ao “ser” e que não têm noção exata do que representam, ou poderiam representar, para uma legião de meninos pobres que sonham ser como eles, cada vez mais sepultando os estudos, cada vez mais com o apoio das famílias, que vêem neles a possibilidade de um final feliz para suas mazelas.
Me pego pensando se falei tudo que me angustiava sobre o assunto, e descubro que tudo que falei não é nada que uma vitória no próximo jogo não apague da memória do torcedor o que foi dito.
BRASIL...IL...IL...IL...

Uma palavra de fé

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16