quarta-feira, 25 de março de 2009

CSN pode demitir mais 1.800 trabalhadores

É o que foi publicado no sábado (21/03/2009), em jornal de Volta Redonda. A matéria está centrada no anúncio, pela CSN, de encerramento de negociação junto ao Sindicato dos Metalúrgicos.
Cada um no seu quadrado, ambos alegam ter razão na pendenga. Do outro lado, na berlinda, os trabalhadores aguardam o desfecho do caso, atentos para as 1.140 demissões ocorridas recentemente, segundo contabilização do Sindicato.
A CSN alega que o presidente do Sindicato está politizando a pendenga; banalizando o uso do nome da Igreja Católica na negociação; que ele não é prático; que por quatro meses rejeitou as propostas anticrise da companhia; não atendeu ligações telefônicas do Diretor-Executivo de Operações e do presidente da empresa e, ainda, o acusa de quebra de confiança com informações financeiras estratégicas reveladas em reuniões. Por sua parte, o presidente do Sindicato responde acusando o presidente da CSN de mentir ao presidente da Alerj quando alegou falta de entendimento junto à entidade, e ameaça processá-lo por irresponsabilidade social caso ele venha a “praticar um ato insano de demitir 1.800 trabalhadores”. No entanto, confessa seu blefe, ao informar que tentou vencer a CSN pelo cansaço, levando a negociação até a exaustão.
As perguntas que não querem calar:
1 - A crise já atingiu a CSN?
2 - Os Sindicatos das bases de Minas, São Paulo e Paraná, estados onde a CSN tem unidades, realmente cederam amigavelmente aos argumentos de crise, apresentados pela companhia?
3 - O Sindicato deveria aceitar a proposta da CSN de garantia da estabilidade do emprego dos trabalhadores, por 12 meses?
4 - Se tivesse aceitado a proposta inicial da CSN, em Dezembro do ano passado, o Sindicato teria evitado as 1.140 demissões ocorridas nos últimos meses?
5 - A CSN está mesmo com estoques de aço acima do limite, e vai levar a risca sua ameaça e anunciar novos “ajustes” no próximo dia 29?
Caso as respostas para as duas perguntas iniciais sejam “SIM”, seria prudente adotar a mesma resposta para a terceira, uma vez que em tempos de crise a primeira recomendação sensata é a de preservar os empregos. Alguns analistas financeiros internacionais estão prevendo que os americanos só se recuperarão da crise atual por volta de 2011.
Se “SIM” também é a resposta correta para a quarta pergunta, como apregoa a diretoria da CSN, então os representantes do Sindicato têm muito que explicar aos demitidos sobre a estratégia e tática de negociação que estão utilizando.
Já a resposta para a quinta pergunta, se o presidente do Sindicato intimamente tem dúvidas, quanto à resposta certa, não deve pagar para ver. Pode não ser blefe. E o que está em jogo não é uma partida de pôquer. É o futuro de representantes de 1.800 famílias.
Outro ingrediente preocupante é que os antecedentes da questão, ou seja, desentendimentos da direção da CSN com autoridades locais podem remontar a 2004. Naquela época, mais precisamente em meados do mês de Setembro, próximo ao final da campanha eleitoral que indicaria o chefe do executivo de Volta Redonda para o próximo quadriênio, Benjamin Steinbruch veio a público em almoço com empresários em Volta Redonda, e posterior coletiva de imprensa na sede da Associação de Aposentados, manifestar todo seu descontentamento junto a Prefeitura Municipal, motivado por questões administrativas promovidas unilateralmente pela mesma, que segundo ele contrariavam os interesses e entendimento legal da CSN. Um dos motivos refere-se à apropriação, por parte do poder público, de áreas de terra da CSN. A esse respeito, Benjamin omitiu o fato que as áreas objeto do litígio (e tantas outras mais), estratégicas para o desenvolvimento urbano da cidade, foram herdadas quando da privatização da empresa. Tivessem as mesmas, no processo de preparação do edital da privatização, sido doadas ao Município, através da União, sob forma de compensação ao passivo ambiental gerado pela empresa ao longo de dezenas de anos de operação, e ele não teria como usar tal argumento. No entanto, a rigor, os dois, Prefeito e executivo da CSN, agiram conforme as lógicas de quem representavam. Um, ao defender o interesse da população e o outro por defender o interesse de seus acionistas. Particularmente, nesse caso do confronto do interesse do capital e o da coletividade, sou francamente favorável ao segundo.
Trechos da citada coletiva de imprensa foram adicionados em forma de vídeo na presente postagem. O propósito de tal adição é meramente para que se observe a confirmação da tese segundo a qual existe há alguns anos um estado de alerta entre a CSN e autoridades de Volta Redonda. Pelo sim, pelo não cumpre observar que o Alto-Forno 4 não saiu do papel, e que decorridos quase cinco anos após a coletiva de imprensa, outro clima de tensão toma conta do ar. Cerca de 1.200 trabalhadores ficaram desempregados. Outros 1.800 podem estar indo pelo mesmo caminho, ignorando-se os reflexos sociais que tais demissões acarretarão para o Município de Volta Redonda, bem como para toda a Região do Sul Fluminense. Os trabalhadores não merecem isso. A cidade e a Região, também não. Não é tempo para os que têm prazer, ou interesse pessoal, em ver o circo pegar fogo, desde que sejam confirmadas suas teorias. É tempo de aproximação entre as partes, promovida pelos interlocutores bem-intencionados. Tempo de se praticar a essência da responsabilidade social. Tempo de se usar os “Cachimbos da Paz”.

Pela manutenção dos empregos, empreguem o DIÁLOGO!

Uma palavra de fé

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16